quinta-feira, novembro 25, 2010

My Blueberry Nights

Sétima série, quase dormindo ao som de algum cálculo, desperto de repente com a professora vociferando: Meu amigo, tudo demais é muito.
Como disse, por ter acordado no meio da conversa, não sei o que ocorrera antes dessa frase. E ontem, depois de ter estudado um bocado e de ter jogado um pokerzinho, repeti comigo mesmo: Meu amigo, tudo demais é muito.
Parei um pouco o mundo e desci. Fazia já algum tempo desde a última vez que assisti a um filme... Parei ontem de madrugada para assistir a outro. Há algum tempo economizei algum dinheirinho para comprar um HD Externo, onde guardo os filmes que baixo na internet. Fui escolher. Passei por alguns de Hitchcock... não, não. Não é noite pra isso. Dei uma olhada em 12 homens e um segredo (12 angry men, 1957), de Sidney Lumet... até o selecionei por algum tempo... mas não. Li algum tempo algo sobre uma produção sino-francesa, do diretor chinês Wong Kar-Way, Um Beijo Roubado, (My Blueberry Nights, 2007) e decidi assistir a ele mesmo... Confesso que o escolhi, em boa parte, para ver como seria a atuação de Norah Jones, que estreou como atriz...e também porque a noite pedia algo assim. Mas já assisti sabendo que a crítica era dividida sobre esse filme.
Direi minhas impressões.
Achei o roteiro um pouco clichê... não sei, por mais que a história levasse a, sei lá, uma reflexão sobre a confiança entre pessoas em algumas cidades em que isso não é recomendado... achei exagerado, roteiro um pouco previsível, meio piegas até. Mas achei algumas coisas excelentes, que realmente me tocaram. Primeiro, a fotografia e toda a parte plástica do filme. Cores muito vivas, iluminação excepcional, que interagia com os personagens – as luzes de Nova York e Las Vegas foram exploradas de forma tocante – da mesma forma nos ambientes internos. Segundo, a utilização da câmera, um pouco distante, utilizada de forma muito inteligente, sem se intrometer na narrativa. Kar-Wai me fez vibrar com isso tudo. 
A trilha sonora é outro ponto alto do filme: jazz e blues, com Ry Cooder, Cat Power, entre outros... e com a própria Norah Jones. Novamente Kar-Way colocou essa preciosidade musical em algo (como se pudesse fazê-lo) como em segundo plano. Minha impressão foi como que se o diretor montasse a parte plástica e sonora do filme, em minha opinião excepcionais, mas em uma medida que não se sobrepujasse ao roteiro. O problema é que achei o roteiro fraco. Não sei até que ponto o diretor chinês estava ciente disso, mas o filme passou algo para mim independentemente da história. E acho que tanto sabia disso que pôs Norah Jones, apesar de protagonista, meio assim, por lá, vendo tudo se passar, sendo protagonista e coadjuvante ao mesmo tempo. Conseguiu fazer um bom filme, agradando a uns e outros. A grande atuação no filme, na minha opinião, foi de David Strathairn, que faz um policial alcoólatra. Se recomendo o filme? Claro que sim, e também sua trilha sonora.

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