quinta-feira, setembro 27, 2007

Há muito que não me orgulho tanto de dizer que li Cem anos de solidão. Apesar de ser o melhor livro na minha opinião, virou pop. Todo mundo que quer parecer intelectual underground pergunta: Você já leu Cem anos de solidão? No orkut tem: Livros: Cem anos de solidão e todos de Garcia Marquez. Mas na verdade só leu esse mesmo, e ficou escrevendo o nome dos personagens, fazendo uma árvore genealógica da família Buendia, e ainda se orgulham disso.
Pior do que um sou-intelectual-underground-só-escuto-bossa nova, são dois. E pior do que isso é quando um desses aí se encontra com outro. Tem um em uma roda falando que leu Cem anos de solidão, o outro escuta e fala: Você leu Cem anos de solidão?. Sim, claro. Você gostou? Claro, é o melhor livro do mundo... E a conversa continua por horas...
Essa espécie está em proliferação. E, lógico, existem variações.
Uma dessas são professores-de-direito-não-positivistas.
Todo professor que é uma subespécie do pessoal que lê Cem anos de solidão, os sou-intelectual-underground-só-escuto-bossa nova, não perde a oportunidade de falar em sala que o positivismo está morrendo, que é uma escola equivocada... Nem Kelsen leram.
Fala que a lei é um instrumento do direito, que não é a única fonte do direito. E essas conversas. Não que eu seja positivista. Mas dói no saco esse papo, principalmente quando vem desse pessoal.
Discurso é uma coisa, mas quando aperta pra eles, sempre falam: O que eu fiz é totalmente legal, está em confirmidade com a lei, com a norma, com o estatuto da universidade...
Por favor, não personalizem, ou personifiquem, ou gritem, ou fiquem vermelhos, ou chorem... Façam isso não, por favor. Ou façam, mas com mais chingamento e desrespeito, porque assim o nível caí mais ainda, e aí o negócio fica mais divertido.

domingo, setembro 02, 2007


Estou agora com um certo receio de postar poesias no blog, pois estaria falando mais de mim do que se resumisse meus dias nessas páginas, que nem existem.

Mas estaria sendo um canalha se não colocasse esse poema do paraibano de Rio Tinto Zé da Luz, e serei um canalha até o dia em que eu decorá-lo.




Brasi Caboco
Zé da Luz

O qui é Brasí Caboco?
É um Brasi diferente
do Brasí das capitá.
É um Brasi brasilêro,
sem mistura de instrangero,
um Brasi nacioná!

É o Brasi qui não veste
liforme de gazimira,
camisa de peito duro,
com butuadura de ouro...
Brasi caboco só veste,
camisa grossa de lista,
carça de brim da “polista”
gibão e chapéu de coro!

Brasi caboco num come
assentado nos banquete,
misturado cum os home
de casaca e anelão...
Brasi caboco só come
o bode seco, o feijão,
e as veiz uma panelada,
um pirão de carne verde,
nos dias da inleição
quando vai servi de iscada
prus home de posição.

Brasi caboco num sabe
falá ingrês nem francês,
munto meno o português
qui os outros fala imprestado...
Brasi caboco num inscreve;
munto má assina o nome
pra votar pru mode os home
Sê gunverno e diputado
Mas porém. Brasi caboco,
é um Brasi brasileiro,
sem mistura de instrangero
Um Brasi nacioná!

É o Brasi sertanejo
dos coco, das imbolada,
dos samba, dos vialejo,
zabumba e caracaxá!
É o Brasi das vaquejada,
do aboio dos vaquero,
do arranco das boiada
nos fechado ou tabulero!
É o Brasi das caboca
qui tem os óio feiticero,
qui tem a boca incarnada,
como fruta de cardoro
quando ela nasce alejada!

É o Brasi das promessa
nas noite de São João!
dos carro de boi cantano
pela boca dos cocão.

É o Brasi das caboca
qui cum sabença gunverna,
vinte e cinco pá-de-birro
cum a munfada entre as perna!
Brasi das briga de galo!
do jogo de “sôco-tôco”!
É o Brasi dos caboco
amansadô de cavalo!

É o Brasi dos cantadô,
desses caboco afamado,
qui nos verso improvisado,
sirrindo, cantáro o amô;
cantando choraro as mágua:
Brasi de Pelino Guedes,
de Inácio da Catingueira,
de Umbelino do Texera
e Romano de Mãe-d’água!

É o Brasi das caboca,
qui de noite se dibruça,
machucando o peito virge
no batente das jinela...
Vendo, os caboco pachola
qui geme, chora e soluça
nas cordas de uma viola,
ruendo paxão pru ela!

É esse o Brasi caboco.
Um Brasi bem brasilero,
sem mistura de instrangêro
Um Brasi nacioná!
Brasi, qui foi, eu tô certo
argum dia discuberto,
pru Pêdo Arves Cabrá.

sábado, setembro 01, 2007

Pra quem, assim como eu, tá acostumado a dormir e a acordar tarde, estudar de manhã é um martírio. Tentar acordar cedo tem sido sofrido, e uma grande perda de tempo. Perda de tempo porque perco tempo tentando dormir cedo, pois vou deitar mais cedo, como não consigo dormir, fico umas duas horas rolando na cama, tempo que poderia está fazendo alguma coisa, estudando, por exemplo; e perco tempo a tarde, porque tento ficar acordado mas não consigo, sempre acabo tirando um cochilo deitado no chão.