terça-feira, abril 12, 2011

Delírio de um poeta

Chico Pedrosa


Feliz aquele que tem
Coragem de retratar-se
Olhar pra dentro de si
Auto penitenciar-se
Para diante do mundo
Vitorioso encontrar-se.

As injustiças do mundo
Não houve quem abolice
Até Cristo teve falha
Segundo a fraca crendice
Quanto mais um vil mortal
Sujeito aos disse-me-disse.

Sou um micro grão de areia
Na vastidão do espaço
Impelido pela força
Exigido paço a paço
Ignorando as origens
Das poucas coisas que faço.

Sou uma aranha presa
Na teia do universo
Caminheiro, peregrino
Sem ilusões, submero
Na turbulência reinante
Dum mundo ingrato e perverso

Um dublê de olhos vendados
À beira do precipício
Vencido pelo cansaço
Mutilado pelo vício
Ensaiando o último show
Antes do seu sacrifício.

Sou uma mão estendida
À espera de um perdão
Um transplantado de órgão
Sofrendo uma rejeição
Cinquenta dizendo: vá
E milhares dizendo: não.

Um comentário:

Gabriela T. disse...

Muito lindo!