segunda-feira, maio 07, 2007

Sinceramente, estou com medo do blog passar a ser exclusivamente de poesias. Fazer o que, se o autor anda com nostalgia do tempo do colégio e tendo a sorte de assistir a biografias e documentários de poetas por aí? Mas, com certeza, vale a pena a leitura.

Debaixo do tamarindo
Augusto dos Anjos

No tempo de meu pai, sob esses galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos.

Hoje, esta árvore, de amplos agasalhos,
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!

Quando pararem todos os relógios
De minha vida, e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,

Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade,
A minha sombra há de ficar aqui!

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