Augusto dos Anjos
Homem, carne sem luz, criatura cega,
Realidade geográfica infeliz,
O Universo calado te renega
E a tua própria boca de maldiz!
O nôumeno e o fenômeno, o alfa e o ômega
Amarguram-te. Hebdômenas hostis
Passam... Teu coração se desagrega,
Sangram-te os olhos, e, entretanto,ris!
Fruto injustificável dentre os frutos
Montão de astercorária argila preta,
Excrescência de terra singular.
Deixa a tua alegria aos seres brutos,
Porque, na superfécie do planeta,
Tu só tens um direito: - o de chorar!
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